São Paulo pode ter ônibus 24 horas e sistema de compartilhamento de bicicletas finalizado ainda esse ano

Está em estudo o funcionamento 24 horas dos ônibus em São Paulo segundo divulgou a diretora de Transporte e Planejamento da Secretaria Municipal de Transportes, Ana Odila de Paiva Souza, durante debate sobre mobilidade urbana promovido pelo Conselho de Desenvolvimento Local da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP).

O estudo faz parte de uma série de ações programadas pela SPTrans para tornar o transporte por ônibus mais eficiente e dar mais conforto ao usuário. São quatro pilares utilizados para qualificar o serviço de transporte por ônibus: serviço em rede; estruturação, racionalização e organização do serviço; espaço exclusivo; e gestão operacional.

“Queremos dotar o serviço de ônibus dos atributos de qualidade esperados de um bom serviço de transporte com disponibilidade e flexibilidade de trajetos, organização, estruturação da rede de serviço, caminhos desobstruídos, regularidade e confiabilidade”, contou Ana. Esse é o único modal que está em toda a cidade, sendo responsável por 10,1 milhões de viagens motorizadas diárias na capital de um total de 18 milhões. “Precisamos resgatar o sistema de ônibus da semiclandestinidade na cidade.”

Evento reuniu representantes da Secretaria Municipal de Transportes, CET e Ciclocidade / Crédito: Emiliano Hagge

Evento reuniu representantes da Secretaria Municipal de Transportes, CET e Ciclocidade / Crédito: Emiliano Hagge

A proposta é construir 460 km de corredores de ônibus para os próximos 12 anos com os primeiros 150 km até 2016. Todos os corredores terão ciclovias paralelas ao trajeto e os terminais que serão construídos terão bicicletários. “Há um desafio muito grande de gestão do poder público em como integrar os planos de desenvolvimento dos modais e como discutir uma visão de futuro para a cidade que possa dar um sentido para as diferentes ideias e não fique uma colcha de retalhos”, disse o presidente do Conselho de Desenvolvimento Local, Jorge Duarte.

A pesquisa Origem-Destino, realizada a cada dez anos pelo Metrô, mostra que o número de viagens por bicicleta triplicou entre 1997 e 2007, de mais de 56 mil para mais de 156 mil. O Superintendente de Planejamento da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), Ronaldo Tonobohn, disse que para esse será implantado uma rede de 60 km de sistema cicloviário (ciclovia, ciclofaixa e ciclorrota) em três áreas da cidade. Serão 17 km no Jardim Brasil (Zona Norte), 31 km no Jardim Helena (Zona Leste) e 12 km no Grajaú (Zona Sul).

A Prefeitura de São Paulo lançará em breve uma campanha de proteção ao ciclista na televisão e rádio. “O objetivo é mostrar à população que a bicicleta é um meio de transporte reconhecido pelo Código de Trânsito Brasileiro (CTB) e precisa ter seu espaço respeitado”, disse Tonobohn. A campanha surgiu após uma reunião de representantes de ciclistas com o prefeito Fernando Haddad que pleiteavam mais segurança para quem usa a bicicleta, acesso e participação de órgãos decisórios e mais orçamento para construção de infraestrutura cicloviária. É importante salientar que todas as vias são cicláveis de acordo com o CTB.

A CET também anunciou um acordo com a empresa responsável pelo sistema de bicicletas compartilhadas para antecipação de 2014 para o fim desse ano da instalação de novos postos. Segundo Tonobohn, haverá uma mudança nos locais planejados das novas instalações. “O foco mudará da Zona Oeste para a Zona Leste, chegando próximo à Arena do Corinthians que sediará a abertura da Copa do Mundo.” Serão 300 estações e 3 mil bicicletas disponíveis até 31 de dezembro.

Ainda segundo a CET, o teste de utilização do Bilhete Único com três postos do sistema de bicicletas compartilhadas se mostrou um sucesso. De 6 a 26 de maio, 18% das retiradas foram realizados por meio do Bilhete Único, sendo 10,2% no Trianon, 19,6% na Santa Cruz e 22% na Eldorado. “O resultado é excelente uma vez que não realizamos divulgação e mostra que há demanda pelo acesso por um meio mais democrático”, afirmou Tonobohn.

O diretor geral da Associação dos Ciclistas Urbanos de São Paulo (Ciclocidade), Thiago Benicchio, lembrou que no lançamento do Citi Bike, sistema de compartilhamento de bicicletas  de Nova York, o prefeito Michael Bloomberg disse que a cidade ganharia um novo sistema de transporte. “A bicicleta é uma necessidade urbana de qualquer cidade como transporte público.”

De acordo com Benicchio a bicicleta é uma oportunidade para as cidades resolverem alguns problemas. “Não vai resolver o problema da mobilidade urbana, mas é uma opção que deve ser respeitada por todos os benefícios para tornar São Paulo uma cidade para pessoas”, completou.

Os benefícios para as cidades por ter a bicicleta como meio de transporte são muitos, apesar disso, apenas 0,04% do orçamento municipal foi destinado à bicicleta entre 2008 e 2012. “São 27 leis municipais, muitas delas regendo sobre assuntos similares, porém poucas ou quase nenhuma é efetiva. Temos muita lei para bicicleta e pouco dinheiro”, acrescentou Benicchio.

O plano diretor de 2004 previa 367 km de infraestrutura para bicicleta até 2012. Passados oito anos, um novo plano está em debate e nenhum quilômetro prometido foi construído. “Precisamos dar equidade ao uso das vias para todos os modais, principalmente o coletivo, pedestres e ciclistas”, acrescentou Benicchio. “As soluções não estão em um único transporte, mas em um conjunto de soluções que possam equilibrar esse caos e pensar de uma forma mais organizada e planejada. Pela complexidade São Paulo merece ter uma visão mais clara da cidade que se quer para que todos os planos e projetos façam mais sentido”, finalizou Duarte.

Fonte:BikePedaleCia
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São Paulo pode ter ônibus 24 horas e sistema de compartilhamento de bicicletas finalizado ainda esse ano

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